Um dia, em uma aula de yoga, estava eu lá, tentando construir meu pouso sobre a cabeça, completamente presente, atenta e sem expectativas... Realmente estava só observando o que acontecia com meu corpo e o que eu sentia... Nesse processo, fui tomada de grande contentamento, pois percebi quanto estava avançando em relação aos medos e dificuldades anteriores... Eu estava consciente de que um dia faria o pouso completo, mas estava totalmente satisfeita por investigar o que estava acontecendo naquele momento... Aí ouvi o professor de yoga dizer que era só eu levantar as pernas, que elas estavam pedindo pra subir...
Naquele momento, eu tentei, desequilibrei e desci... um tanto desconfortável, pois eu sabia que não estava pronta... Ou seja, não ouvi minha voz interior, ouvi a sua voz do outro...
Essa percepção foi muito rica e ampla pra mim, pois depois fiquei avaliando uma busca constante minha por sinais externos... Parece que sempre tive necessidade de que Deus me mostrasse, através de algum sinal que eu pudesse entender, se o que eu estava fazendo era o certo... Às vezes buscava esses sinais, essa “validação de Deus”, nos conselhos dos outros, em alguma leitura sagrada, em previsões astrológicas ou sabe lá mais o quê... Mas, naquele dia, senti o tanto de sabedoria interna que tenho (que todos temos!) e como tenho sido surda pra essa sabedoria...
Não importa que, aos olhos dos observadores externos, eu esteja aparentemente pronta ou no caminho certo; talvez eu realmente esteja e eles possam perceber isso antes de mim, mas, só quando a minha voz interna me der o sinal, eu serei capaz, eu estarei no caminho certo, no meu caminho... Pode ser que essa voz interna só não tenha falado ainda, por causa dos meus medos, mas, mesmo assim, tenho de respeitá-la, testando amorosamente meus limites, ganhando confiança, estando contente e avançando sempre com cada pequeno passo que eu for conseguindo dar... Ainda que sejam apenas medos tolos que não me permitam à entrega de uma postura, ou seja lá do que for, esses medos estão lá, ainda precisam de minha observação atenta e de meu amor compassivo, pra que venham à luz e se desfaçam pelo poder transformador do amor...
...e tenho certeza, como já experimentei em outras situações, que, quando esse amor tiver penetrado de tal forma que eu possa enxergar toda a minha potencialidade, aí chegará o momento em que a as vozes externas que chegam aos meus ouvidos serão o eco audível da minha voz interna e, aí sim, minhas pernas estarão prontas pra subir no pouso sobre a cabeça, como também minha alma estará pronta pra "subir" em direção à luz!
A palavra cura já existia em latim com o sentido primitivo de “cuidado”, “atenção”, “diligência”, “zelo”. São justamente esses os significados de cura neste espaço. A idéia é trocarmos palavras, idéias, sentimentos, atenção e cuidado. Sou professora de yoga e terapeuta e tenho me dedicado a meu auto-conhecimento através de um intenso e delicioso caminho de explorações e descobertas. Este é um espaço para que possamos compartilhar as diversas possibilidades de busca da integridade da alma.
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