Solidão
Hoje encarei minha solidão... Ela veio se insinuando sorrateira, matamorfoseada... Apresentou-se como angústia, travestiu-se de ansiedade, camuflou-se de saudade,
chegou à beira do abismo da paixão e, enfim, quando não mais havia como se disfarçar,
quando já não encontrava mais meios para se passar por quem não era,
minha solidão mostrou-se...
Mostrou primeiro suas garras afiadas, apavorantes!...
E foi pouco a pouco deixando-se ver, em sua forma disforme, em sua consistência inconsistente, em sua textura pegajosa e em seu odor insalubre...
Ah, minha solidão, tanto tempo vivendo contigo e jamais havia visto teus olhos... Teus olhos... Mas que surpresa... São quase belos! Profundos, imundos, do mundo...
Sinto tua presença, solidão, e quase consigo chamar-te de amiga,
como conseguiu sobreviver tanto tempo sufocada, sem espaço, sem afeto, sem reconhecimento, sem respeito?
Querida solidão amiga, depois de ver-te, penso que talvez possa mesmo aceitar-te, reconhecer-te, quase te amar...
Guarda pra ti teu espaço, alimento tua existência com a ausência de mim mesma ,
por certo, querida, ainda haveremos de nos encontrar muitas e muitas vezes... Até breve!
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