sábado, 9 de julho de 2011

Meu filho é superdotado?

Dando seguimento ao tema...

Meu filho é superdotado?

Tenho um amigo que costuma dizer que “superdotadas são todas as crianças hoje em dia”. Esse comentário reflete a realidade inegável de que as crianças hoje são expostas a uma imensa quantidade de estímulos e têm um desenvolvimento cognitivo muito mais acelerado do que antigamente. Mas o comentário reflete também um equívoco muito comum, achar que superdotados são “crianças inteligentes”.

Há, na literatura científica, muitas definições para superdotação, mas um conceito é comum a todas elas: superdotado é aquele que apresenta uma habilidade superior à media em uma ou mais áreas específicas (lógico-matemática, linguagem, artes, música, relações interpessoais, etc). Portanto, se a média de “inteligência” das crianças aumentou, superdotados serão aqueles que estiverem acima dessa média atual.

Há variações, mas geralmente cerca de 3% da população apresenta habilidades cognitivas muito acima da média. Se considerarmos também quesitos como liderança, criatividade ou habilidades artísticas, esse percentual deve subir para cerca de 20%. Em uma cidade como Rio Preto, temos, portanto, por volta de 80.000 pessoas que poderiam ser classificadas como superdotados e que teriam direito a uma educação e a um atendimento específicos na infância.

Constatados os números, surge um grande problema: como identificar essas crianças?
Há características comuns aos superdotados como: grande capacidade de concentração para temas de seu interesse, precocidade, aprendizagem rápida, curiosidade exacerbada, alto nível de energia, memória prodigiosa, senso de humor, preferência por estabelecer relações com pessoas mais velhas, entre outras. Porém nenhuma dessas características isoladamente indica a superdotação, e há casos em que a identificação dessas características fica extremamente dificultada por histórico familiar ou escolar comprometidos.

As pesquisas sobre formas adequadas para identificação de superdotados ainda são recentes e apresentam divergências. Alguns pesquisadores trabalham com a identificação feita pela escola no início da vida acadêmica dos alunos, através do  acompanhamento direto dos professores. Há quem discorde desse método, pois professores despreparados podem ser incapazes de identificar, por exemplo, crianças talentosas que não consigam que adequar à rotina escolar. Os testes psicológicos, que procuram mensurar a inteligência através de números (QI), também apresentam muitas limitações, principalmente para a identificação daqueles que tenham habilidades, por exemplo, psicomotoras, artísticas ou interpessoais.

As ferramentas disponíveis para a identificação de crianças habilidosas são várias, embora limitadas. O fundamental é que pais e profissionais que assistem à infância (médicos, professores, psicólogos, etc) tenham acesso a informações adequadas e que possam contar com uma rede de sustentação, tanto para identificar, quanto para acompanhar o desenvolvimento da criança.

Como já dissemos no artigo anterior, o superdotado tem direito por lei a profissionais especializados; o que precisamos, portanto, é de políticas públicas que incentivem a especialização desses profissionais e de pessoas realmente comprometidas que busquem as informações disponíveis, para que deixemos de tratar nossos “gênios” com ritalina.

Para saber mais: Desenvolvimento de Talentos e Altas Habilidades: Orientação a Pais e Professores (Denise Fleith, Eunice Soriano de Alencar – Ed. ARTMED); Associação Paulista para Altas Habilidades/Superdotação (www.apahsd.org.br);  Associação de Pais e Amigos para Apoio ao Talento (www.aspat.ufla.br)

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