sexta-feira, 8 de julho de 2011

A inclusão dos alunos superdotados

Mudando em pouco de assunto...

A inclusão dos alunos superdotados

As designações são inúmeras: superdotados, crianças com altas habilidades, gênios, talentosos... Todas elas, porém, referem-se a pessoas com capacidade acima da média em uma ou várias áreas específicas (cognição, artes, música, liderança, etc). A potencialidade acima da média normalmente é acompanhada de singularidades que tendemos a classificar positivamente como rapidez e facilidade para aprender ou alta capacidade de abstração; e outras, que perturbam profundamente a ordem familiar e escolar, como intolerância à rotina, hipersensibilidade e desafio de autoridades.

Muitos estereótipos estão associados à superdotação: arrogância, genialidade, loucura e outros absurdos. A criança superdotada não tem necessariamente um excelente desempenho acadêmico (nem todo superdotado é “gênio” ou “nerd”!), ela não é capaz de atingir plenamente seu potencial sem estímulo e orientação, ela não tem desempenho igualmente brilhante em todas as áreas. Os mitos são reflexo do pouco que se sabe sobre o assunto. No próprio meio acadêmico, as pesquisas sobre a inclusão dos superdotados estão cerca de trinta anos atrás das pesquisas sobre outros tipos de inclusão.
Hoje, o superdotado tem seus direitos garantidos por lei. A criança que apresente habilidade em muitas áreas pode (e às vezes deve) ser acelerada nas séries escolares, mas, quaisquer que sejam as características dessa criança, ela tem direito a profissionais especializados e a ações específicas, como projetos de aprofundamento no contra-período escolar. A criança talentosa precisa conviver com a diversidade, mas também precisa de um momento em que possa conviver com seus pares e ter acesso a um conhecimento mais profundo e estimulante dos conteúdos de seu interesse. Evidentemente, na realidade, isso não acontece. Raríssimas são as escolas que oferecem essa possibilidade ao aluno com altas habilidades e, em nossa cidade, isso simplesmente inexiste.
Muitos profissionais desinformados chegam a afirmar que não se deve estimular excessivamente essas crianças (certamente porque isso atrapalha a rotina engessada da sala de aula), mas negar-lhes o acesso ao conhecimento é como negar-lhes o alimento de que necessitam para seu desenvolvimento físico. Ou seja, uma crueldade!
A criança e a família têm o direito de saber e receber orientação adequada sobre a superdotação, pois ninguém pode atingir o melhor de suas possibilidades sem autoconhecimento e sentindo-se um estranho em seu universo social. Negar ao superdotado o acesso ao estímulo e ao conhecimento é desperdiçar futuros cidadãos brilhantes, que poderiam ser educados e orientados a contribuir imensamente com um futuro melhor.
Se a inclusão hoje é tema em pauta, isso não ocorreu sem esforço e muita reivindicação da sociedade, cobrando políticas públicas e iniciativas privadas que atendessem a essa demanda. Como pais e responsáveis pelo desenvolvimento dessas crianças, cabe a nós reivindicarmos tanto do poder público, quanto das escolas e dos profissionais que cuidam de nossos filhos, um olhar mais atento e iniciativas adequadas para seu desenvolvimento intelectual e emocional. O superdotado tem direito a profissionais competentes para orientá-lo e à sua família, a escolas que ofereçam programas de enriquecimento e a verbas públicas destinadas a pesquisas e a projetos sociais na área. Mas, certamente, nada disso existirá se nós, como pais, não reivindicarmos, por nossos filhos, esses direitos.


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