quarta-feira, 29 de junho de 2011

Sobre os rituais de sacrifício...

Acho interessante pensar que, quando julgamos a “perversidade” da ritualística dos sacrifícios humanos, estamos julgando pela ótica de nossa perspectiva individualista.
Nas comunidades gregárias onde esses sacrifícios aconteciam, acho difícil acreditar que estava realmente presente a idéia de sacrificar “o outro”... Creio que essa conduta ritualística seria mais próxima de algo como “matar uma parte de si mesmo”.
É bom lembrar que esses grupos eram bastante vulneráveis às vicissitudes externas (clima, inimigos, doenças, condições geográficas e ambientais) e viver em comunidade era fundamental para a sobrevivência, portanto, quanto mais gente para proteger o grupo, melhor...
Quando eles realizavam um sacrifício de membros desse mesmo grupo, estavam sacrificando indivíduos que fariam falta na defesa e preservação dos outros. Quando sacrificavam virgens, estavam diminuindo a possibilidade de perpetuação do grupo e de cuidados com as crianças. Quando sacrificavam inimigos capturados, estavam sacrificando mão-de-obra escrava extremamente útil. Quando sacrificavam animais, estavam abrindo mão de animais que poderiam fazer muita falta como alimento posteriormente.
Num exercício de desapego aos juízos de valor, realmente entendo que esses rituais foram extremamente necessários, para a internalização no inconsciente coletivo daquilo que entendemos hoje como fazer “sacrifícios” de alguns hábitos e confortos em função de atingir outros objetivos...


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