segunda-feira, 30 de maio de 2011

O que vemos no Outro será mesmo o Outro?

" A projeção é um processo inconsciente automático, através do qual um conteúdo inconsciente para o sujeito é transferido para um objeto, fazendo com que este conteúdo pareça pertencer ao objeto. A projeção cessa no momento em que se torna consciente, isto é, ao ser constatado que o conteúdo pertence ao sujeito.”
(C. G. Jung)


Sobre Projeções...


As projeções são um mecanismo de nossa psiquê que tanto pode nos fazer perder-mo-nos em ilusões e desilusões sucessivas, quanto pode nos auxiliar demais no auto-conhecimento. Como sempre, a única coisa de que realmente precisamos é estarmos atentos e conectados com a verdade... A verdade é que todos projetamos e, sabendo disso, sempre que nos sentirmos encantados ou incomodados com características alheias, devemos tentar nos manter atentos e observando a nós mesmos...

Se gosto de algo no outro, devo saber que tenho em mim aquelas qualidades também (independentemente de se o outro realmente é daquele jeito que vejo ou não, isso não importa!)... E, se eu estiver consciente de que tenho potencialmente as tais qualidades admiradas, basta que eu passe a me observar atentamente e, mais cedo ou mais tarde, essas qualidades aflorarão em mim, e isso realmente acontece!

Por outro lado, se me sinto magoado, incomodado ou decepcionado com o outro, basta que eu observe atentamente quais são os comportamentos do outro que me incomodam... A partir daí, devo procurar me manter o mais atento e presente possível, para observar onde estão em mim essas características de que não gosto no outro... Quando enxergo essas características (ou defeitos) em mim, é preciso uma conduta amorosa comigo mesmo, pra me aceitar e me amar como sou, apesar de meus defeitos, por mais inaceitáveis que eles me pareçam... Devemos nos aceitar assim como se aceita um filho, por mais que se discorde de suas condutas ou escolhas...

Essa observação de nossas projeções no outro, ou seja, o ato de tornar conscientes essas projeções, realmente nos transforma, e tudo isso diz respeito somente a nós mesmos, independe de se o outro tem ou não aquelas características que observamos nele... O que deve nos interessar não é idolatrar ou crucificar o outro, mas apenas reconhecermos no outro características que também são nossas, para que possamos estar atentos ao nosso auto-conhecimento.

Dessa forma, podemos ir nos encontrando, aprendendo a aceitar e a amar aquilo que somos... Nesse caminho, o afeto que temos pelo outro permanece o mesmo, pois somos capazes de perceber que ainda precisamos projetar (ainda que precisamos do espelho do outro), somos capazes de voltar sempre ao nosso centro, de nos encontrarmos novamente conosco e de permanecermos amando o outro, independentemente de quão desagradáveis sejam nossas projeções sobre ele...

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