terça-feira, 21 de junho de 2011

À procura de gurus...

Quem é o mestre, quem é o guru? Por quem procuro quando busco palavras sábias, palavras de conforto e iluminação?
Não busco nada, não busco a verdade, não busco a essência, não busco o que realmente é... Busco apenas um breve consolo para o cansaço, que surge entre os momentos de satisfação de meus sentidos; busco uma breve pausa, para alimentar meu ego com a sensação de que as “coisas do céu” podem me ensinar a lidar com as “coisas da Terra”...
Pelo que busco quando digo querer a verdade? Busco pela verdade que satisfaça meus desejos infantis de auto-aceitação, busco a verdade que reforce todos os meus condicionamentos prévios...
Se não é essa a verdade que se manifesta, não posso aceitá-la como verdadeira... Se as palavras não encontram eco entre meus valores, entre minhas necessidades e minhas expectativas, ouço meus próprios pensamentos se desdobrando em críticas afiadas e lógicas contra tudo o que é dito...
Para serve o mestre? Para que serve o guru? Serve-me apenas se dizer aquilo que quero ouvir, serve-me apenas se me oferecer um consolo passageiro, para que eu possa migrar de uma sensação a outra, para que possa me mover do desagradável para o agradável...
Que mestre é esse então? Que guru é esse? Que verdade é essa que tem como função única satisfazer minha insatisfação momentânea, conduzindo-me da sensação de desorientação, para a sensação de sabedoria suprema, que me coloca acima de todos, entre eleitos à parte do mundo? Que verdade é essa que infla meu ego e me isola?
Essa definitivamente não é a verdade, isso tudo sou apenas eu, eu e meu imenso ego desdobrando-se em artifícios intelectuais, para que eu tenha certeza daquilo que sequer existe...
E o que existe?  O que existe é a inexistência de mestres ou gurus, a inexistência de qualquer verdade externa que possa ser inoculada nos discípulos... O que existe é aquilo que une, que iguala, não o que separa... O que ensina está separado do que aprende, portanto ambos não existem, pois estão separados... O que realmente existe é a essência que a tudo permeia e em tudo se manifesta, e reconhecer essa essência é aceitar a frustração suprema de não ser dono dessa essência, de não poder jamais possuí-la...
A verdade é que a essência é apesar de mim e que eu posso não estar realmente querendo aceitar isso, que eu posso não desejar enxergar a verdade de que, sendo tudo, nada sou, assim como todos...


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